A evolução sócio-econômico-cultural das mulheres ocidentais neste século é surpreendente, como também são a incorporação de hábitos e a exposição a fatores anteriormente exclusivos ao mundo masculino. Dentre esses fatores, lamenta-se o aumento da prevalência do tabagismo entre as mulheres. Sem hesitação é possível atribuir ao cigarro, entre outros fatores, a responsabilidade pelo aumento na incidência da doença arterial aterosclerótica nas mulheres antes da menopausa. A relação de mortalidade por doença arterial coronária entre homens e mulheres que em 1970 era de 10/1, hoje é 2,45/1 no Estado de São Paulo1. Apesar de reconhecermos que parte dessa diferença possa ter sido ocasionada pelo diagnóstico não adequado da doença arterial coronária nas mulheres, a prevalência do tabagismo em 1970 era inferior a 10% nas mulheres adultas (15 a 64 anos) e hoje é de cerca de 25%, sendo de até 33% em mulheres na fase fértil2. Atualmente as mulheres brasileiras têm um dos coeficientes de mortalidade por doença cerebrovascular mais elevados do planeta, principalmente antes dos 64 anos3.